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Tenho pensado muito sobre o
processo de luto, será que estou a fazer isto bem? Haverá alguma maneira de
fazer isto bem? Se não, porque é que tanta gente é incompreensiva e intolerante
ao meu sofrimento inadvertido? Como é suposto eu saber o que fazer? O maior
medo, o mais profundo medo que me assombra desde que consigo articular
pensamentos, perder um dos pilares da minha existência: é uma realidade! E é
uma realidade demasiado pesada para suportar. Leva muito tempo, quase passou um
ano e ainda me vêm as lagrimas aos olhos ao dizer o teu nome e levou-me um ano
para passar a fase da negação e ainda estou a debater-me com a fase da dor
agoniante – não não fica confortável aqui no coração e não ainda não é apenas
uma boa memoria que vive em mim. Mas luto um dia de cada vez para provar que eu
te amo pai, fazendo aquilo que tu sempre sonhaste para mim, lutar pelo que me
faz feliz e nunca desistir mesmo que as coisas pareçam tao inalcançáveis. E
sinto-me um falhanço… E sinto culpa por me sentir culpada de ser feliz…
Por vezes pergunto-me se estou a
perder a minha visão neste blog e estou a transformá-lo num festival de pena,
na pobre menina que tem tantos problemas e sofre tanto e não completa nenhum
projecto… é um bocado triste e absurdo, por outro lado eu escrevo para mim e
faço-o pura e honestamente, fiel a mim mesma e não consigo libertar o que me
vai na alma de nenhuma outra forma. Se isso faz de mim uma blogger de diário
então que seja. Não quero que tenham pena de mim, quero partilhar a minha
experiencia e quem sabe mostrar a alguém ai do outro lado que não são os únicos
no mundo a sentir isto…
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Queria fazer uma homenagem linda
ao meu pai, mas receio que o meu coração está demasiado pisado por esta dor que
a tua falta me dá. Não consigo racionalizar o que sinto, não consigo fazer
sentido do que a minha cabeça produz e só agora passou a sensação de estar paralisada
mas ainda sinto os pensamentos dormentes. Se ou quando passar farei algo mais
apropriado. Mesmo assim é um marco importante para mim… admitir a mim mesma que
a realidade é esta. Que fingir que estás a chegar a casa, ou que estás no café
e que vens mais tarde, não ajuda com as minhas ilusões do que a vida poderia
ser se não tivesses partido. E isso é novo e positivo, eu creio, quem sabe o
próximo passo será deixar de sentir a culpa, mas isso é muito á frente no
livro. Por agora guardo a minha dor e deixo-a cansar-se no meu peito e quando
estou sozinha deixo-a correr livre…
Amo-te pai com todas as forças,
ainda me recordo dos presentes e poemas que que fazíamos para o dia pai na
escola, e como me orgulhava de ter o pai mais inteligente e culto do mundo.
Cada vez que fecho os olhos vejo o teu sorriso. Aquele sorriso cheio de amor e
orgulho na sua pequena. E isso vale mais que mil palavras. Talvez não exista
ninguém no mundo que me compreenda da maneira que tu compreendes pai mas pelo
menos tive a sorte de me teres escolhido, para amar e cuidar, sem ti não era
quem sou… Não tinhas que fazer nada por mim mas fizeste este mundo e o outro e
isso nunca vai morrer… Amo-te…
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