Não sei bem porque, mas nos últimos
meses desejo intensamente escrever sobre mil e uma coisas e simplesmente não
tenho confiança. No momento em que a minha vida deu uma volta “negativa” senti
uma força que de certo modo se traduzia numa sensação de imortalidade… não
importava o que fizesse ou dissesse, não tinha medo porque nada ia superar o
sofrimento que dominava a minha alma. E agora sinto-me extremamente consciente
de que estou a ser julgada pelas pessoas, que se interessam em ler isto; e
acima de tudo que esse julgamento é mais importante para mim do que outrora era
a minha única forma de “expressão pessoal”. Esse sentimento de “não ser
suficiente” lançou uma sombra sobre todos os aspetos importantes da minha
humilde existência. Nunca em toda a minha vida duvidei tanto e tão intensamente
de todas as minhas capacidades, na verdade sempre me senti confortável na minha
pele e capaz de atingir todas as metas a que me propunha sem dificuldade… agora
não tenho coragem de colocar metas porque metas são um compromisso que à partida
não vou cumprir.
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Mas estou a obrigar-me a derrubar
estes muros que se construíram à minha volta, e estou a tomar mais interesse
nos temas da atualidade. Estou a tentar construir bases que aos poucos me fazem
sentir mais confiante para expor um pouco do meu intelecto, e sentir-me
novamente presunçosa das minhas qualidades jornalísticas. Afinal que tenho eu a
perder? Nunca vou conseguir agradar a toda a gente e procurar validação noutros
não se compara com a necessidade que tenho em me expressar e de ganhar a minha
voz. Vou tentar mais uma vez sair deste momento negativo e encontrar a minha
força no meio de todos os meus medos e inseguranças.
Sinto que levei um duche de
realidade e não está a ser uma experiência agradável embora seja necessária. Por
vezes passamos o tempo envoltos numa bolha dos nossos problemas e esquecemo-nos
que existe um mundo lá fora que está a desmoronar-se dia a dia. Faz-me lembrar
uma cena dum filme ou serie televisiva, em que uma pessoa positiva e alegre
descobre que o mundo afinal não é feito de arco-íris e póneis rosa; esse choque
é demasiado e a tristeza e depressão instala-se duma maneira aterradora. Vejo o
telejornal e choro piamente porque não acredito o quão egoísta tenho sido até
agora (e que ainda se nota pelo longo discurso totalmente egocêntrico) e também
porque não sei como posso contribuir para a solução de cada problema. Porque acredito
que se não somos parte da solução somos parte do problema, vejo a inércia das
pessoas e lamento que prefiram ignorar e focar-se em coisas triviais… é com
tristeza que vejo um parte do mundo em conflito por motivos políticos ou
religiosos e a outra parte olhando de longe como se fosse um filme que nunca
será a sua realidade.
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Hoje o meu coração bate mais
forte pelos 5 bombeiros que lutam nas urgências hospitalares, pela sua bravura
no combate aos incêndios que este ano já provocaram a morte de 4 pessoas - que se
arriscaram voluntariamente e de forma altruísta para servir as suas
comunidades. E pelas pessoas que tanto perderam com este fogo que ainda flagra
intensamente, desejo que continuem com força a reconstruir as suas vidas.
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