Fazes-me falta. Fazes-me tanta falta que todos os dias finjo
que estás aqui. Sorrio ao pensar que, tão naturalmente que parece verdade, estás
no teu quarto a fazer as flexões matinais e a seguir vais tomar o pequeno-almoço
para sair e começar mais um dia de trabalho, que amas fazer. Quando começo a
pensar nas saudades que me trazem as lágrimas quentes aos olhos. Afasto-as com
a mentira. Estás lá fora a aparar os arbustos, a regar a relva ou a enxertar
mais um limoeiro. Quando chega a noite, e me aconchego nos lençóis frios, a dor
de não te ter assombra meu pobre coração. Finjo que ainda não chegaste, mas que
estás perto. Finjo que ouço a chave na porta e os passos leves no outro lado da
porta do meu quarto para te ires deitar. E sorrio porque esta mentira aquece-me
um pouco, estás do outro lado da porta, a poucos passos e se eu quiser posso
abrir e abraçar-te. E sorrio falsamente, sorrio porque não quero pensar que já
não estas ali, do outro lado. Só posso sorrir porque já não aguento o peso das
lágrimas.
Fazes-me falta. Fazes-me tanta falta que todos os dias permito-me,
por minutos, aceitar que já não estás aqui. Choro em silêncio. Todos os dias
preciso de ti e não te tenho. E nunca mais te vou ter. E a dor é insuportável. Porque
todos os dias te quero, todos os dias te amo, todos os dias preciso de ti. Mais
ninguém neste mundo me conforta como tu, mais ninguém neste mundo me ama como
tu, mais ninguém neste mundo me conhece e me aceita como tu. Todos os dias me
sinto um pouco mais só, um pouco mais perdida, um pouco mais triste e não sei
como fingir que isso não é verdade. Foste e levaste uma parte de mim, e não
posso fingir que não me faz sentir uma falta desmesurada. Preciso de te
abraçar, de te ouvir, de me sentir a menina mais sortuda do mundo por te ter
para mim. Sou mimada porque me mimaste demais. Mimaste-me com amor e conforto. Mimaste-me
com palavras que me faziam sentir especial e capaz de fazer tudo, capaz de te
fazer sentir orgulhoso na mulher que criaste. E todos os dias me sinto mais pequena
um bocadinho, porque não pudeste ver-me cumprir “o sonho”, ver-te na plateia
com um olhar ternurento enquanto recebia o diploma da universidade, que tanto
lutaste para que eu o merecesse. Pergunto-me porque é que já não estás comigo, porque
é que te roubaram de mim, que mal fiz eu para agora estar um pouco mais
abandonada neste grande mundo que sem ti faz menos sentido.
Hoje deixo-me chorar sangue sobre as minhas palavras e
sentimentos profundos. Só hoje vou permitir-me admitir que me fazes falta. Fazes-me
tanta falta. E fecho os olhos e sinto a tua presença. Sei que não estás aqui fisicamente
mas a tua aura nunca me abandona, e com ela eu caminho passo a passo e tento
fazer-te orgulhoso da pessoa que me fizeste. Fazes-me falta mas hoje estás aqui
comigo, com uma mão sobre meu ombro dizendo-me também me fazes falta mas estou
aqui.
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