quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Velhos são os trapos!

A sociedade do século XXI sofre de uma quantidade absurda de enfermidades, e por vezes é-me penoso isolar uma que consiga resumir os podres que germinam das entranhas da nossa ignorância. Os anos e a convivência com estes espécimes tão complexos, permitem-me porém sentir repulsa em me incluir no seu grupo - porque nem por um segundo me imagino a sentir e a agir como eles.

Recentemente assisti a um segmento mais “sério”, de um qualquer programa da manhã, que abordava o alarmante aumento de idosos abandonados em hospitais. E mais uma vez corriam as lágrimas pela minha face; ao ver os seus rostos embelezados pelas marcas que contam as histórias de suas peculiares das suas vidas e os relatos de como tudo terminou tão cruelmente porque os seus familiares não queriam o “incómodo” de cuidar dos seus – e sinto-me tão pequenina num mundo de monstros gigantes, que comentem estes crimes contra a comunidade. Baixo os braços perante a minha luta de entender o porquê! 


Como é que as crianças de outrora, que foram criadas no colo quente e no conforto do amor de seus pais e/ou avôs, se esquecem completamente das horas felizes que viveram apenas porque tinham um alguém que o amou e ama mais do que alguém vai amar? Sim, esquecimento, é a única justificação plausível – um vírus que afeta a memória ou um alzheimer seletivo que lhes rouba a capacidade de compaixão pelas pessoas que lhe deram a vida. Não vos vou maçar com as imensas incoerências e atrocidades que me deixam apavorada com a ideia que um ser humano pode descansar sua cabeça na almofada sabendo que uma parte de si está a definhar sozinha e triste num canto qualquer. Pois a mim nunca me faltaria vontade e tempo para me certificar que fiz tudo para dar o conforto e carinho a quem mo deu nos primórdios da minha insignificante existência. 
Para além do mais, estes jovens de olhos brilhantes são simplesmente adoráveis, seres belos que viveram coisas que nunca me passariam pela cabeça – porque por vezes esquecemo-nos que um dia eles foram jovens de tenra idade como nós, sem experiencia, cheios de vida e sonhos, com receio mas vontade de viver tal como nós. Para mim é um prazer compartilhar o sentimento que suas palavras tão calorosamente refletem – são vidas ligadas com outras vidas, e vivências com as quais podemos nos relacionar e aprender. Não entendo quem pode encontrar aqui um ponto negativo, mas isso sou eu.

Não sei se já o referi mas com tantas qualidades que o meu ídolo possuía, torna-se complicado anotar o que disse ou não disse; o meu avô, que era um jovem com muita experiência de vida, mas de uma geração muito mais retrograda que a nossa; tinha uma capacidade de aceitar todas as pessoas, por mais estranhas que fossem à sua natureza, e não sabia o que significava julgar quem simplesmente possui uma visão diferente da nossa. Até a mim que, para quem me conhece não é surpresa nenhuma, sou sempre do contra; dá-me um gostinho especial a adrenalina de provar e argumentar os meus pontos de vista, e demonstrar sempre a importância de respeitar a subjetividade de cada um. E por isso sempre me foi fácil agir assim em todos os aspetos da minha vida, porque tinha um grande exemplo do que significa ser um ser humano verdadeiramente humano – que nunca poderei copiar mas que desejo alcançar com o tempo. É plausível que essa seja a raiz da podridão que a humanidade sofre, a falta de bons modelos que as crianças – os adultos de amanhã – admirem e desejem seguir como exemplo. E agora seria o momento ideal para tirar um instante e considerar esta minha ideia e refletir-mos sobre se somos realmente o melhor que podemos ser, se queremos que os nossos filhos sigam os nossos passos, para que no futuro possam olhar para nós e dizer: tenho orgulho em ser a pessoa que sou porque assim mo ensinaste. Será que no futuro teremos um conjunto de pessoas que queiram mesmo fazer o melhor pelos seus e pelos outros e que não simplesmente o apregoem?


Apenas mais um degrau na longa escada que deveríamos subir, para que todos nós enquanto sociedade, possamos também ser o melhor que podemos ser.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Vaidades & Hipocrisias

Não é fantástico como assim que encontramos balanço espiritual todos os nossos sentidos ficam muito mais apurados? Tenho-me encontrado a ouvir mais e a falar menos, gosto do papel de observador, e as vantagens são imensas para o meu desenvolvimento cultural… Sim, também inclui o uso de um vocabulário mais rico e variado, e com um cheirinho de presunção que nunca matou ninguém. Para além disso, encontro inspiração no dia-a-dia e dou comigo a pensar e a analisar os ramos intrincados dos comportamentos e conversações triviais. É a volta ao mundo terreno e ao mesmo tempo ao recanto do meu consciente - onde me enrolo num manto de introspeção que me aquece a alma – são as pequenas coisas que me fazem feliz.

E agora que já desenvolvi demasiado sobre coisas que só interessam à minha pessoa vamos passar ao que me interessa. A querida Judite de Sousa estava hoje num programa de tarde qualquer, a falar sobre um senhor (que infelizmente não reconheci e por isso não o armazenei), e fez um curioso comentário: só as grandes mentes possuem um intelectual musculado e por isso exigem e apreciam uma discussão bem fundamentada (não são as palavras exatas mas a ideia era mais ou menos esta). Isto fez-me pensar que afinal a Judite é um bocado presunçosa (cheia de si mesma ou vaidosa) afinal de contas não é muito educado gabarmo-nos das nossas qualidades intelectuais ou outras. Já não tinha uma grande impressão da senhora e não melhorou definitivamente. Garanto-vos que conheço a minha quota de idiotas convencidos que por usarem meia dúzia de palavras cultas e decorarem dois factos interessantes sentem-se os senhores de toda a verdade! Especialmente pseudoartistas (ego explosion). E depois disse a mim mesma: que hipócrita!

Não sou uma mulher que passa o dia a aprazar-se de suas qualidades - até porque me culpo muitas vezes por tanto falar dos meus defeitos. Mas é certo que sinto uma grande satisfação quando alguém aprecia o meu trabalho ou simplesmente congratula-me pelo vestido que trajo – não somos todos um bocadinho hipócritas quando criticamos alguém por dizer a verdade quando no fundo esperamos que alguém o faça por nós? Hipócritas e falsamente humildes. Pois é, eu sou culpada desse mesmo pecado mas isso não faz de mim melhor que ninguém, faz-me humana. Eu sei que sou um bocado egocêntrica e escrevo mais para a paz da minha alma, mas o meu maior desejo é partilhar um pouco de mim e relacionar-me com quem procura as minhas palavras – eu sei que por vezes me faz falta alguém que tenha passado pelo mesmo que eu, para não me sentir tão só na minha dor. O que não desculpa ou justifica o comportamento da senhora mencionada, infelizmente tacto é uma coisa que não "não lhe assiste", passando a expressão. Mesmo assim não tenho o direito de julgar uma pessoa unicamente pela imagem que ela passa na televisão ou pelo que as pessoas dizem dela, se não damos uma oportunidade nunca vamos conhecer ninguém intimamente. Todos temos defeitos e todos nós já nos arrependemos de algo que dissemos num momento nada fiel ao nosso carácter.

Por isso não interpretem mal as minhas palavras ou a maneira como ajo naturalmente, não tenho um pingo de falsidade ou presunção, não caminho nas nuvens rodeada de ornamentos de ouro, como muitos me julgam. Não, eu dou graças por tudo o que tenho e sei que nada é garantido, não tenho pouco ou demasiado mas o que tenho trabalhei e trabalho por isso. Foi esse o legado do que o meu avô me deixou - muito amor e compaixão, e as ferramentas necessárias para ser uma mulher independente e orgulhosa de si mesma. As minhas palavras por vezes não são as mais corretas ou sequer as mais educadas mas a malicia e a inveja são por vezes intoleráveis à minha índole, não fui educada a sentir tais afeções. A felicidade é mais fácil de trabalhar que a inveja.

Pensem bem antes de julgar alguém, quem nunca pecou que atire a primeira pedra. 

domingo, 1 de setembro de 2013

Coisas que me revoltam....

Ultimamente um sentimento de raiva consome a minha alma. Note-se que não sou o tipo de pessoa que sente inveja ou faz juízos de valor; mas há certas coisas que observo e que não posso evitar censurar visceralmente! Cada vez que ligo a televisão não posso evitar expressar vocalmente a minha incredulidade – incêndios, mortes, o 2ª regaste que o governo considera, os conflitos no Egipto, a declaração de guerra dos Estados Unidos contra a Síria… Sinto-me revoltada e não vou desenvolver sobre estes assuntos de momento - estou a tentar controlar a minha frustração.

elicaespanhol.blogspot


E agora perguntam vocês (digo eu muito esperançosa), se não vou falar sobre isto porque é que o referi? Ora bem, a ideia surgiu-me exatamente por estar atenta ao noticiário da noite (e ao programa anterior), relativamente ao tipo de informação e à forma como decidem na importância de cada tema.
Uma coisa que devem saber sobre mim: faz tempo que não sigo atentamente a televisão nacional, sim eu sei que parece ridículo mas é verdade! Sinceramente não compreendo a utilidade e o objetivo dos programas de entretenimento; o conteúdo e as caras são as mesmas de à 15 anos atrás (por mais que o nome mude) e para além disso a seleção de “pessoal” cada vez mais me parece dúbia e lamentável (hint hint para a nova aquisição da TVI ao sábado de tarde).

De seguida vêem os noticiários, que ainda resistem a esta onda de desastres televisivos, mas falham também em conteúdo. É certo que fazem uma passagem breve pelos assuntos da atualidade nacional e mundial, por vezes até desgastando e esmiuçando noticias bastante planas. Mas toda a atenção foca-se nas coisas mais triviais possíveis! Notícias sobre recordes mundiais, concertos e festivais (transmitindo close-ups de jovens a tomar banho?!), fofocas do mundo dos famosos, já para não falar da famosa entrevista da Judite de Sousa ao jovem milionário, que é basicamente famoso por ser milionário! Por vezes tenho de me beliscar para confirmar que não estou dentro dum pesadelo jornalístico…


www.vintag.es 
Desde pequena que sonho em experimentar um pouco de tudo o que este mundo tem para me oferecer, e ultimamente sinto-me inclinada para a comunicação social – gostaria de construir uma carreira sólida como jornalista. Mas nunca me associaria a um conceito televisivo cujo único objetivo é adormecer nossa qualidade inquisitiva e baixar os nossos parâmetros de qualidade e proficuidade. Sou um bocado idealista e quero mudar o mundo passo a passo (o sonho comanda a vida!); preciso de “abanar” os conceitos e regras da sociedade e inserir um chip nas mentes do mundo, um chip que obrigue as nossas mentes a questionar tudo! A palavra é o instrumento ancestral e fulcral da humanidade, precisamos de redescobrir esse poço de possibilidades e beber da fonte do saber. 

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Reality Check

Não sei bem porque, mas nos últimos meses desejo intensamente escrever sobre mil e uma coisas e simplesmente não tenho confiança. No momento em que a minha vida deu uma volta “negativa” senti uma força que de certo modo se traduzia numa sensação de imortalidade… não importava o que fizesse ou dissesse, não tinha medo porque nada ia superar o sofrimento que dominava a minha alma. E agora sinto-me extremamente consciente de que estou a ser julgada pelas pessoas, que se interessam em ler isto; e acima de tudo que esse julgamento é mais importante para mim do que outrora era a minha única forma de “expressão pessoal”. Esse sentimento de “não ser suficiente” lançou uma sombra sobre todos os aspetos importantes da minha humilde existência. Nunca em toda a minha vida duvidei tanto e tão intensamente de todas as minhas capacidades, na verdade sempre me senti confortável na minha pele e capaz de atingir todas as metas a que me propunha sem dificuldade… agora não tenho coragem de colocar metas porque metas são um compromisso que à partida não vou cumprir.

thegalleryfromoverthere.wordpress.com
Mas estou a obrigar-me a derrubar estes muros que se construíram à minha volta, e estou a tomar mais interesse nos temas da atualidade. Estou a tentar construir bases que aos poucos me fazem sentir mais confiante para expor um pouco do meu intelecto, e sentir-me novamente presunçosa das minhas qualidades jornalísticas. Afinal que tenho eu a perder? Nunca vou conseguir agradar a toda a gente e procurar validação noutros não se compara com a necessidade que tenho em me expressar e de ganhar a minha voz. Vou tentar mais uma vez sair deste momento negativo e encontrar a minha força no meio de todos os meus medos e inseguranças.

Sinto que levei um duche de realidade e não está a ser uma experiência agradável embora seja necessária. Por vezes passamos o tempo envoltos numa bolha dos nossos problemas e esquecemo-nos que existe um mundo lá fora que está a desmoronar-se dia a dia. Faz-me lembrar uma cena dum filme ou serie televisiva, em que uma pessoa positiva e alegre descobre que o mundo afinal não é feito de arco-íris e póneis rosa; esse choque é demasiado e a tristeza e depressão instala-se duma maneira aterradora. Vejo o telejornal e choro piamente porque não acredito o quão egoísta tenho sido até agora (e que ainda se nota pelo longo discurso totalmente egocêntrico) e também porque não sei como posso contribuir para a solução de cada problema. Porque acredito que se não somos parte da solução somos parte do problema, vejo a inércia das pessoas e lamento que prefiram ignorar e focar-se em coisas triviais… é com tristeza que vejo um parte do mundo em conflito por motivos políticos ou religiosos e a outra parte olhando de longe como se fosse um filme que nunca será a sua realidade.


www.pauldavisoncrime.com
Hoje o meu coração bate mais forte pelos 5 bombeiros que lutam nas urgências hospitalares, pela sua bravura no combate aos incêndios que este ano já provocaram a morte de 4 pessoas - que se arriscaram voluntariamente e de forma altruísta para servir as suas comunidades. E pelas pessoas que tanto perderam com este fogo que ainda flagra intensamente, desejo que continuem com força a reconstruir as suas vidas.