domingo, 8 de julho de 2012

Pressão social


“Só seremos felizes quando percebermos quais são os ingredientes essenciais para a felicidade: gostos simples, um pouco de coragem, paciência, sentir amor por tudo o que fazemos e ter a consciência limpa” George Sand

A adolescência é um período difícil na vida de todos nós, ou quase todos nós, a dificuldade de integrar-se e compreender as mudanças que estão a ocorrer – este pensamento surgiu-me enquanto terminava um trabalho para a faculdade - acredito que é um assunto importante e muitas vezes ignorado. A dificuldade principal é que, enquanto adultos achamos que os problemas dos adolescentes são demasiado insignificantes comparados com os que temos que lidar. E para os adolescentes a sua relevância é essencial no processo de crescimento - pode moldar as suas personalidades e em última instância mudar o rumo das suas vidas.
 
http://www.savagechickens.com/images/chickendeathpeer.jpg
São muitos os dramas que assombram a vida de um adolescente: as mudanças físicas e psicológicas, perceber que já não são crianças (e que têm que começar a avançar sozinhos), o sentimento constante que ninguém os compreende porque são completamente diferentes dos seus colegas e finalmente a imperativa necessidade de ser “normal”. Seja por uma obsessão pessoal ou por a chamada pressão social, a maioria dos adolescentes faria e faz os impossíveis para pertencer a um “grupo”.

Podemos ver a face positiva da moeda, porque é saudável ter um grupo de amigos e fazer actividades normais para um adolescente – estudar, sair, conversar sobre os problemas e estar bem integrado. Mas nem sempre a “normalidade” é uma coisa boa. O desejo por ser popular, elegante (usar as melhores marcas) ou encontrar o namorado perfeito, é uma pressão desmedida para ser “normal” e sentir-se integrado que acaba por levar alguns jovens a tomar atitudes excessivas, e por vezes perigosas.

Estas por vezes traduzem-se em imitar outros: vestir-se, agir, ser como outros – os que admiramos tanto. Isto pode não parecer demasiado “perigoso” – assumir outra personalidade, suprimir a nossa essência e viver uma mentira; sim, pode facilmente ser revertido no futuro. No entanto as consequências na saúde podem ter um final um pouco mais preocupante: anorexia, bulimia, depressão etc são doenças a que os jovens nestas situações, se encontram especialmente susceptíveis. Tudo na busca incessante por sentirem-se integrados, sentirem-se normais. Claro que terapia pode ajudar a resolver esses problemas mas são demasiados os casos em que ajuda chega tarde demais, porque ninguém se incomodou com os problemas de um adolescente. Se não afectar para sempre somente as suas vidas, as suas personalidades e as decisões que tomam – podem inevitavelmente levar ao pior dos cenários: suicídio. Tudo isto pode parecer extremamente pessimista, mas é a dura realidade. São adolescentes, mas serão o nosso futuro, temos que proteger o futuro.

http://abundantmichael.com/blog/index.cfm/2011/12/16/Peer-pressure-and-freedom


O meu ponto de vista é “educação” – porque uma boa educação é a base para um adolescente confiante e seguro de si mesmo. Isso não significa que são todos maus pais – a questão é que educar não é só satisfazer todos os desejos das crianças e ensiná-las a ouvir um não – a aprender o que é certo e o que é errado. Para que quando chegue a adolescência sejam capazes de lidar com a pressão e ser felizes – saber o que é certo para eles e o que é errado. A adolescência é uma fase delicada, é uma fase de aprendizagem, de construção de carácter – e se não lhes for dada a devida atenção e compreensão poderão não saber como agir e ser influenciados pelas pessoas erradas.

http://wonderfactory.org/2009/07/13/peer-pressure/

Nem todos os adolescentes ambicionam a “popularidade” – ou porque já encontraram o seu lugar ou porque são confiantes o suficiente para saber que os seus pares são demasiado imaturos para aceitar a diferença. E conseguem ultrapassar esta fase de uma maneira saudável e acima de tudo aprender com as experiências. E para aqueles que sucumbiram a pressão nunca é tarde para parar e pensar - basta um pouco de força de vontade e bons conselhos de quem já viveu um pouco mais que nós - para encontrar finalmente o caminho certo.
 

Não é fácil resistir às tentações enquanto somos adolescentes, e por vezes somos apanhados numa cadeia de acontecimentos que não poderíamos prever, e da qual parece impossível sair. Mas quando encontrarmos os ingredientes certos para a felicidade significa que estamos a crescer, que aprendemos. Basta escolher o caminho que é certo para nós e não ir por o caminho de outra pessoa.

Sigam os vossos corações….

4 comentários:

  1. Olá Joana,

    Gostei muito do post, principalmente quando alertas para os problemas da adolescência (infelizmente cada vez surgem mais cedo).

    Tens razão quando afirmas que os pais desempenham um papel importante no caminho que os filhos. É importante que os pais, enquanto os filhos são crianças aprendam a dizer "não" e, acima de tudo, que não tenham medo de o dizer.

    Os adolescentes são egoístas no que respeita aos seus problemas. Vivem-nos muito intensamente, têm dificuldade em colocar-se no papel dos outros e têm dificuldade em partilhar os seus medos com os adultos que são emocionalmente significativos para eles.

    Sou psicóloga e a minha tese de mestrado estava relacionada com os estilos parentais e o temperamento das crianças. Ao longo das diversas leituras que fiz, a adopção de um estilo parental autoritário ou desleixado poderia conduzir os filhos a exibirem comportamentos de risco. O estilo parental democrático, onde são apresentadas regras e negociadas as situações, revela-se o que proporcionada um desevolvimento psicossocial mais adeaquado.

    Continuação de um bom trabalho
    Silvana

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  2. Muito obrigada pelo comentário :) uma opinião especializada é sempre mais fiável...
    Preocupa-me muito essa mesma "teimosia" que referiu em relação aos jovens, uma "teimosia" que ainda me é muito familiar, infelizmente. A verdade é que não ajuda nada muito pelo contrário. Mas crescer é aprender.

    Só gostava que o que acontece agora não aconteça no futuro . Agora que se vê cada vez mais o afastamento - o desfazer do conceito de família.Os adolescentes isolam-se e vivem no seu mundo e quando precisam de ajuda não têm a quem pedir... São demasiado teimosos para admitir que estão errados e orgulhosos para admitir que precisam...

    E para que não haja criticas - eu não estou a atirar ideias minhas para o ar. Qualquer coisa que escreva é uma opinião, uma experiência ou uma observação do mundo que me rodeia....

    E recuperar o conceito tradicional de família seria um bom começo para trabalhar em direcção a um sociedade mais justa

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    1. Não tens de agradecer Joana! É sempre bom ler-mos opiniões de outras pessoas, faz-nos pensar também.

      Concordo com tudo aquilo que foste dizendo... Aliás Joana, embora nós tenhamos conhecimentos temos opiniões, preconceitos, visões É por isto que me seria difícil, por exemplo, trabalhar com pedófilos... Espero um dia conseguir compreendê-los para os ajudar.

      Relativamente ao conceito tradicional de família acho que este deveria ser re-editado em vez de recuperado. Isto porque o conceito de família também se foi alterando. Deixamos de ter as típicas famílias: pai+mãe+filhos+família alargarda. Agora temos famílias monoparentais, famílias reconstituidas, famílias de casais homossexuais.... Ou seja a constituição familiar alterou-se, mas os valores deveriam manter-se.

      Olha deixo-te aqui uma ponta solta para mais uma reflexão (Re)Descobrir famílias!

      Continuação de bom trabalho
      Silvana

      P.S. Podes tratar-me por tu. Devemos ter idades próximas (eu tenho 24) e partilhamos a mesma cidade :).

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  3. Tens razão estamos próximas sim, já vou nos 22 :P

    Em relação aos modelos de família, faço minhas as tuas palavras, os tempos mudam e o que funcionava antes não
    funciona agora...

    Mas eu não vejo uma família tradicional como pai-mãe-filhos; até porque eu pertenço a uma dessas famílias "modernas",se o termo se puder aplicar aqui. :)

    Eu vejo uma família tradicional como uma família que se apoia, que se entreajuda, que cria um elo inquebrável... Nunca pertenci ao padrão e não perdi nada com isso, aliás até ganhei :), ganhei muito mais do que ganharia se as coisas tivessem sido diferentes.

    Continua a comentar, como já referi muitas vezes, eu adoro aprender e raciocinar coisas novas - para isso nada melhor que uma boa dica! Vou apontar essa também.

    São temas um bocado pessoais e que preciso de reflectir um pouco mais, amadurecer estas ideias porque para ferir susceptibilidades não é preciso muito hoje em dia. :P

    Obrigada eu por te dares ao trabalho de veres o meu humilde "trabalho" :)

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Obrigado :) todas as criticas são bem- vindas....